Fresco, branco e mole

domingo, 23 de novembro de 2008


Sim, temos queijo. Assim como o coalho, brasileiríssimo, o Queijo Minas Frescal é tipicamente verde-amarelo. Existe até mesmo uma legislação sobre o Frescal. É o Regulamento Técnico Mercosul de Identidade e Qualidade nº. 145/96, segundo o qual "entende-se por Queijo Minas Frescal o queijo fresco obtido por coagulação enzimática do leite com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou não com ação de bactérias lácticas específicas."

OK, OK. Esse povo legislador dificulta tudo com essa linguagem científica e daqui a pouco teremos que ser todos cientistas-químicos para entender de cozinha. O que eu faço, logo eu que não gosto de química? E que sempre fui mal na matéria?


Mas, ao Frescal, pois, que há que se perder a ternura, mas, a frescura, jamais! As características mais marcantes desse fresco queijo mineiro são: massa crua, consistência mole, alta umidade, semi-gordo (tudo o que é bom engorda, não é?) e com grande variedade de sabores.

A mineirice do Queijo Frescal não significa, necessariamente, timidez. Longe disso, o Frescal é um dos queijos mais populares do Brasil. Segundo um estudo mais antigo (2004), o consumo de queijo no Brasil era, na sequência: Mussarela, Prato, Frescal, Ricota e Queijo de Minas.


O Frescal originou-se a partir do Queijo de Minas, na verdade. Que, por sua vez, nasceu a partir da técnica portuguesa de se fazer queijo, vinda da receita do queijo Serra da Estrela (feito com leite de ovelha, considerado o melhor queijo de Portugal). No século XVIII, a exploração de ouro nas Minas Gerais levou consigo os exploradores e a técnica artesanal para fazer queijo, o que gerou o Queijo Minas.


A variável entre o queijo Serra da Estrela e o queijo Minas está no coagulante: o Serra da Estrela era fabricado com o uso de extrato de flores e brotos de cardo, enquanto o queijo Minas usava coagulante desenvolvido a partir do estômago seco e salgado de bezerros e cabritos.


A partir de diversas evoluções, chegou-se ao Queijo Minas Frescal, que é feito a partir de leite de vaca ou de cabra. O uso do queijo pode ser o mais diverso possível, tanto quanto o são os demais queijos. Mas, tenho para mim que é quase impossível conceber o Frescal sem que forme o par romântico com a goiabada cascão. É impagável essa união, não é?

Comments

No response to “Fresco, branco e mole”
Post a Comment | Postar comentários (Atom)